Dados apurados pela Abiquim no primeiro semestre indicam enfraquecimento do ritmo de produção local dos produtos químicos de uso industrial. Em junho de 2017, o índice de produção teve recuo de 4,56% sobre o mês anterior, enquanto o de vendas internas exibiu ligeira elevação, de 0,49%, em razão da desova de estoques.
Com esses resultados, o fechamento do 2º trimestre do ano confirma a desaceleração da atividade em relação aos três primeiros meses do ano, bem como sobre o mesmo período do ano passado: a produção caiu 2,33% no acumulado de abril a junho de 2017, na comparação com iguais meses de 2016, enquanto as vendas internas tiveram retração de 3,10%. Para o 1º semestre do ano, os números mostram redução da atividade, com o índice de produção subindo apenas 0,85% e o de vendas internas em sentido contrário, com recuo de 1,06%.
Apesar de o consumo aparente nacional (CAN) ter crescido expressivos 8,4% no período, esse aumento não foi acompanhado pelo desempenho das vendas internas, sinalizando uma perda de participação do produtor local em relação ao atendimento da demanda doméstica. A prova disso é que as importações, em volume, dos produtos analisados no RAC tiveram aumento de 30,5%, batendo recorde histórico dos últimos 28 anos de análise, passando a ocupar 37,8% do CAN.
No que se refere à capacidade instalada, no acumulado do 1º semestre de 2017, a utilização ficou, na média, em 77%, dois pontos porcentuais menor do que a que havia sido a média de janeiro a junho de 2016.
A diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, cita o caso dos petroquímicos básicos. O produto que vem puxando a alta das importações é o metanol, que deixou de ser produzido no mercado nacional por falta de competitividade da principal matéria-prima (gás natural) e, atualmente, passou a ser integralmente importado. Esse caso exemplifica muito bem a questão das oportunidades perdidas pelo País, que já poderia ter uma planta de escala mundial de metanol.
Além disso, a diretora da Abiquim reclama da falta de um projeto de política industrial para o País para geração de empregos de qualidade e de riqueza. Ao invés disso, segundo ela, o governo decide ir pelo caminho mais fácil para arrecadar. “A alta da contribuição do PIS/Cofins sobre os combustíveis veio na contramão do que a população em geral poderia esperar. Não se fez uma avaliação e/ou adequação das despesas que poderiam ser diminuídas, ou até eliminadas, pelo próprio governo, nem tampouco conseguiu-se elevar a parcela das receitas extraordinárias que o governo havia previsto no início do ano. Ou seja, o já elevado custo Brasil foi aumentado. Mas será que essa dose será suficiente? Se a economia não voltar a crescer, gerando os empregos necessários para os quase 15 milhões de desempregados, qual será a próxima medida?”, questiona.
O Brasil precisa urgentemente de medidas de estado, de longo prazo, que deem um norte e previsibilidade e não apenas de medidas de governo, sem visão de planejamento estratégico e que tornam o ambiente inseguro. Dentre as medidas de estado, por que não a implantação de políticas industriais que sejam capazes de estimular o desenvolvimento e o crescimento da economia, gerando empregos e divisas e contribuindo para elevação do PIB nacional. A química pode e quer contribuir para isso.
Diante de todo esse cenário, o presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, faz um alerta: a ampliação das importações fez com que o Brasil, mais uma vez, perdesse a oportunidade de gerar riqueza e empregos para o povo. “Com elevado preço da nafta e do gás natural, bem como o alto custo da energia, o Brasil é presa fácil no mercado para os produtores internacionais ocuparem o mercado interno”.
Fonte: Abiquim