A produção de químicos de uso industrial caiu 3,06% de janeiro a outubro de 2018, em relação ao mesmo período do ano passado, indicam os dados preliminares da Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim. O consumo aparente nacional (CAN), que mede a produção mais a importação menos a exportação, caiu 2% no mesmo período de análise, o que indica uma queda na demanda nacional de produtos químicos.
Em relação às vendas realizadas no mercado interno, apesar do recuo verificado nos meses de setembro e outubro, no acumulado do ano, o índice registra crescimento de 0,72%, mantendo o cenário de elevação da parcela produzida em território nacional sobre a demanda, na comparação com o importado, beneficiado pela volatilidade cambial e pelos preços no mercado internacional.
A média de utilização da capacidade instalada de janeiro a outubro foi de 77%, índice inferior ao do mesmo período de 2017, quando a taxa de utilização foi de 79%. Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, o ano foi marcado pela desaceleração da economia nos primeiros meses, seguida da greve dos caminhoneiros, que prejudicou a movimentação de cargas em maio, com reflexos também em junho.
Especificamente em outubro, na comparação com o mês anterior, o índice de produção subiu 3,08%, no entanto se comparado com outubro do ano passado a queda na produção foi de 6,7%. Já as vendas internas tiveram recuo de 5,05%, após terem caído 8,12% em setembro, acumulando retração de 12,8% nos dois meses. “Apesar de ainda termos tido um crescimento de 0,72% nas vendas internas esse resultado poderia ter sido melhor, pois até setembro o crescimento era de 1,8%, mas a menor atividade nos últimos dois meses de análise pode ser atribuída às pausas realizadas em algumas unidades, à demanda desaquecida em relação aos dois meses anteriores e, em menor proporção, também pelo número menor de dias úteis, especialmente em relação a agosto”, explica Fátima.
A diretora da Abiquim alerta que nos últimos 12 anos, os volumes de produção e de vendas são, na média, os mesmos de 2007. “A conclusão é que infelizmente vivemos mais uma década perdida. A falta de competitividade do produtor local, associada ao cenário econômico recessivo e de agravamento da crise política nacional nos últimos três anos, trouxe fortes impactos ao setor. As expectativas caminham na direção de que o País retome a trajetória de crescimento ainda neste ano e volte a exibir resultados mais robustos a partir do próximo ano, com alguns analistas já projetando elevação de 3% para o PIB. A química tem forte correlação com o desempenho do PIB. Mas a economia em recessão puxa mais intensamente a atividade do setor para baixo do que para cima nos momentos de crescimento. A adoção de medidas adequadas e que deem previsibilidade de longo prazo são essenciais para ajudar o País a voltar para a trajetória de crescimento sustentado”, afirma Fátima.
Fonte: Sinquifar