O presidente da Braskem e vice-presidente do conselho diretor da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fernando Musa, disse na manhã desta sexta-feira que o bom desempenho do setor no curto prazo, que após três anos de declínio volta a registrar crescimento do faturamento líquido em 2018, esconde os desafios que têm sido enfrentados. Com as receitas deste ano, de US$ 127,9 bilhões, a indústria volta aos menos níveis de 2008 ou 2010. “Tivemos praticamente uma década perdida de resultados na nossa indústria”, disse o executivo, na abertura do Encontro Nacional da Indústria Química (Enaiq), em São Paulo.
Conforme Musa, os dados também mostram que, no PIB brasileiro, a participação do setor ficou estagnada, com uma fatia entre 2% e 2,5% nos últimos dez anos, apesar das condições favoráveis de demanda e parque fabril. A participação poderia ser muito maior se a indústria tivesse condições de realizar os investimentos para os quais está a apta, acrescentou o executivo.
O executivo disse também que o país está às vésperas de um novo ciclo político, em um momento de renovação da esperança da sociedade. “Esperamos que as medidas tomadas pela nova equipe econômica consigam resgatar a confiança no ambiente econômico mais favorável, que possa levar à retomada dos investimentos”, afirmou. Nesse sentido, a Abiquim está aberta ao diálogo com o poder público, seguindo as regras de relacionamento “claro, ético e transparente”, acrescentou.
Conforme Musa, a indústria química nacional tem capacidade de enfrentar desafios como os verificados neste ano, como a greve dos caminhoneiros, oscilação do câmbio, crise na Argentina e a guerra comercial entre Estados Unidos e China, que cria perturbação no comércio internacional do setor. “O Brasil precisa fazer um ajuste para enfrentar esse cenário volátil. É preciso ajustar o ambiente macroeconômico, é fundamental atacar os fatores que travam competitividade”, afirmou.
Para ele, as reformas previdenciária e tributária são urgentes, assim como atacar os gargalos de infraestrutura. O setor defende ainda uma política estratégica de direcionamento ao setor químico e a Abiquim tem propostas para tanto, comentou. “Sabemos que não há país forte sem indústria química forte. Temos empresários e investidores que apostam no setor. Temos condições de investir se as condições de competitividade estiverem presentes”.
Fonte: Valor Econômico