A indústria farmacêutica brasileira poderá economizar até R$ 144 milhões na importação de remédios após a assinatura do acordo de livre-comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE). A informação é da Interfarma, associação que reúne empresas representantes do setor.
“O Brasil importa R$ 3,6 bilhões em remédios da Europa. Pela metade, paga uma alíquota de importação de 8% e, com sua redução a zero, o país poderia economizar R$ 144 milhões”, explicou a Interfarma.
A UE e o Mercosul fecharam no dia 28 de junho em Bruxelas um acordo de livre-comércio que começou a ser negociado em 1999 e é o maior pacto comercial já firmado por ambas as partes, com a criação de um mercado de 780 milhões de consumidores.
“Com o acordo comercial entre a UE e o Mercosul, é esperada uma redução significativa dos tributos vinculados ao comércio de diversos setores industriais e no segmento farmacêutico, já existem tecnologias importadas pelo Brasil, que chegam da Europa com impostos reduzidos”, apontou a patronal.
Esses remédios, acrescentou a Interfarma, “são os mais recentes, e não existe no país uma inovação similar e, neste caso, o impacto tende a ser pequeno, pois as alíquotas de importação já estão próximas de zero”.
Em contrapartida, “nos segmentos de mais concorrência do mercado, nos quais se enquadram as tecnologias maduras, existe uma proteção tributária mais significativa no país”.
Nesse sentido, a Interfarma explicou que são remédios “com alíquota de importação superiores a 4% e, sem essa proteção, os laboratórios serão forçados a encontrar soluções para lidar com um ambiente mais competitivo”.
“Vale destacar que essa concorrência, como acontece em qualquer setor da economia, tende a favorecer o paciente com o aumento da oferta. Além disso, a redução dos tributos deve acontecer gradualmente durante 10 anos, o que dá ao mercado um período de adaptação”, acrescentou a associação.
Atualmente, as alíquotas referentes à importação de produtos das UE são as mais elevadas, com uma taxa média de 5,27%, enquanto a média mundial sem incluir a UE é de 4,66%.
Além disso, segundo a Interfarma, “o acordo comercial abre a possibilidade do Brasil ser escolhido como base para as exportações do bloco europeu ao Mercosul e para as exportações ‘intracompany’, como já fazem várias empresas multinacionais no país”.
O acordo de livre-comércio entre Mercosul e UE também poderá aumentará o PIB do Brasil em U$ 87,5 bilhões em 15 anos, de acordo com as projeções do Ministério da Economia.
A UE é o segundo maior parceiro comercial do Mercosul e o principal no segmento de investimentos. No entanto, o bloco sul-americano é o oitavo maior parceiro comercial extrarregional do bloco europeu.
De fato, segundo dados do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, as trocas comerciais birregionais superaram os US$ 90 bilhões em 2018. Em 2017, os investimentos da UE no Mercosul somaram US$ 433 bilhões.
O Brasil, por sua vez, realizou transações comerciais com a UE em 2018 em US$ 76 bilhões, com um superavit de US$ 7 bilhões.
Já valor das exportações ao bloco europeu chegou aos US$ 42 bilhões, 18% do total das suas vendas ao exterior.
Para entrar em vigor, o acordo assinado deverá ser ratificado pelos parlamentos dos países envolvidos.
Fonte: Uol