Apesar do cenário econômico ainda estável, marcado pela recente forte alta cambial, e em meio à guerra comercial entre Estados Unidos e China, que poderá colocar a economia mundial em um cenário de estagnação, as importações de produtos químicos até o final do ano deverão ser recorde e superiores a US$ 32 bilhões.
No acumulado do ano, as importações brasileiras de produtos químicos somaram US$ 29,2 bilhões, elevação de 5,7% frente ao mesmo período de 2018. As exportações, por sua vez, alcançaram US$ 8,5 bilhões, redução de 3,7% na comparação com o valor registrado entre janeiro e agosto de 2018. O déficit na balança comercial de produtos químicos, até agosto, chegou a US$ 20,7 bilhões, considerável aumento de 10,2% em relação ao igual período do ano passado.
“Seguidamente estamos sinalizando para a intensificação do déficit. Em julho e agosto, as importações de produtos químicos foram respectivamente de US$ 4,5 bilhões e de US$ 4,3 bilhões, fazendo do bimestre o mais intenso em aquisições do exterior desde igual período em 2014, anterior à grave crise econômica vivenciada pelo Brasil, sobretudo em 2015 e 2016. Nos últimos 12 meses, de setembro de 2018 a agosto deste ano, o déficit comercial atingiu a marca de US$ 31,5 bilhões”, explica a diretora de Assuntos de Comércio Exterior da Abiquim, Denise Naranjo.
De janeiro a agosto, o volume de importações foi de 29,8 milhões de toneladas, elevação de 11,3%, em relação ao mesmo período do ano passado. Esse crescimento deve-se à aceleração das aquisições de fertilizantes, fato coerente com as projeções da Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, que em seu 12º levantamento da safra brasileira de grãos 2018/19, apontou para uma colheita recorde de grãos na safra atual, da ordem de 242,1 milhões de toneladas, além da intensificação das compras em vários outros grupos de produtos.
Em termos de volume, em agosto, as movimentações foram de 4,8 milhões de toneladas importadas, elevação de 7,2% em relação às 4,5 milhões de toneladas em julho, performando um desempenho bimestral fortemente impactado pelas elevadas compras de fertilizantes e seus intermediários, com compras do exterior de praticamente 5,6 milhões de toneladas (2/3 do total da somatória dos dois meses).
“Estamos acompanhando atentamente os fluxos comerciais e advogamos firmemente pelo funcionamento eficiente do sistema brasileiro de defesa comercial, ferramenta indispensável para a entrega pelo Governo de um ambiente leal e isonômico de competição, garantindo a inserção internacional responsável da economia brasileira, especialmente em um momento em que o excedente disponível no mercado internacional com a intensificação da guerra comercial entre as maiores economias representa uma ameaça real à produção nacional e à atração de novos investimentos para o Brasil”, destaca a diretora de Assuntos de Comércio Exterior da Abiquim, Denise Naranjo.
Fonte: Abiquim