Jornal Floripa
O que fazer com uma embalagem de remédio? Ou com um medicamento que venceu ou sobrou? E mesmo quem tenta fazer de forma diferente, ainda encontra muitas dificuldades. É o caso da jornalista Carolina Rocha.
Enquanto isso, os riscos à saúde ambiental e humana pelo descarte incorreto de medicamentos e embalagens só cresce. A pesquisadora da Faculdade de Biomedicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) Júlia Peixoto de Albuquerque é coordenadora de um projeto, chamado de DescartUFF que exatamente tem o objetivo de orientar a comunidade acadêmica, a população e sensibilizar os governos e indústria farmacêutica sobre a importância de uma política para o setor.
Ela explica que todo medicamento descartado oferece risco em contato com o solo e lençol freático ou a outras pessoas e que alguns deles, por exemplo os antibióticos, tem impactos ainda mais perigosos.
O problema é complexo e além da necessária discussão sobre o próprio consumo, às vezes exagerado dos fármacos, o tratamento do esgoto de forma a retirar os resíduos de medicamentos que os seres humanos e os animais excretam são um desafio.
Julia destaca, esse tipo de tecnologia ainda é muito cara e inacessível para a maior parte dos países e faz um alerta. A orientação para a população é buscar farmácias que aceitem os materiais, já que as redes encaminham esses medicamentos para uma incineração profissional. A incineração caseira também não é recomendada.
A reportagem entrou em contato com várias farmácias que disseram não receber os materiais. No entanto, já há iniciativas diferentes. Uma delas é o site Descarte Consciente, onde é possível digitar o CEP e localizar uma drogaria mais próxima que receba os medicamentos. O projeto é uma iniciativa de algumas redes de farmácias e laboratórios.
A reportagem procurou a indústria farmacêutica e também as redes de farmácias e drogarias. A principal Associação da Indústria Farmacêutica, a Interfarma enviou um posicionamento reconhecendo a gravidade do problema e destacando algumas iniciativas, como a participação do setor nas discussões que envolveram a Política Nacional de Resíduos Sólidos, elaborada em 2010.
A Associação destaca que é favorável à existência de uma políticapública de logística reversa para medicamentos, mas ressaltou que, para ter sucesso, precisa de um alinhamento entre municípios, estados e União com custos distribuídos entre os elos da cadeia produtiva.
A Associação defende ainda o estabelecimento de um sistema, de forma escalonada, que obedeça à regra de um ponto fixo de coleta para cada 50 mil habitantes e com uma distância máxima do ponto até o local do tratamento final do resíduo que não ultrapasse 200 quilômetros.
A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, a Abrafarma, não respondeu ao pedido de posicionamento até o fechamento desta reportagem. Os Ministério da Saúde e do Meio Ambiente também foram procurados sobre as políticas e orientações acerca da questão, mas também não se posicionaram.
Fonte: Rádio Nacional