O Brasil importou US$ 3,7 bilhões em produtos químicos no mês de setembro, valor que representa considerável aumento de 10,2% em relação ao anterior mês de agosto, ao passo que o valor exportado, de US$ 871,4 milhões, apontou apenas um leve aumento de 1,5% na mesma comparação. Os produtos químicos mais importados foram os intermediários para fertilizantes, cujas compras externas totalizaram US$ 716,7 milhões no mês, aumento de 11,1% contra o mês imediatamente anterior. Já as mercadorias mais exportadas foram as resinas termoplásticas com vendas de US$ 103,5 milhões, redução de 13,4% contra agosto e de expressivos 23,1% na comparação com setembro do ano passado.
No acumulado do ano, as compras de produtos químicos vindos do exterior somam US$ 30,3 bilhões, um recuo de 9% frente ao mesmo período de 2019, enquanto as vendas para o estrangeiro totalizaram US$ 8,3 bilhões, valor 14,8% abaixo do que o registrado entre janeiro e setembro de 2019. Em termos de quantidades físicas, porém, as importações de produtos químicos, até setembro, são recorde e superam 37 milhões de toneladas, aumento de 6,9% em relação ao igual período do ano passado (34,6 milhões de toneladas), o qual já havia sido, até então, o maior registro para o acumulado entre janeiro e setembro de um mesmo ano. No contexto das fortes retrações dos preços médios dos produtos transacionados entre o Brasil e o mundo (respectivamente quedas de 14,9% nos importados e de 19,7% nas exportações), deslocando os produtos nacionais tanto no mercado interno quanto no cenário internacional, o déficit na balança comercial de produtos químicos, até setembro, chegou a US$ 22 bilhões, valor 6,7% menor do que em igual período de 2019.
Já nos últimos 12 meses (outubro de 2019 a setembro deste ano), o déficit já atingiu US$ 30 bilhões, validando mês após mês as expectativas de que, apesar dos graves impactos econômicos da pandemia de Covid-19, o indicador não deverá, até o final do ano, ser muito aquém daqueles resultados dos últimos anos, de saldos negativos de US$ 29,6 bilhões, em 2018, e de US$ 31,6 bilhões, em 2019.
Para o presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, a recente recuperação da atividade econômica trouxe alívio ao setor e sinaliza que o ‘fundo do poço’ parece realmente ter ficado para trás, mas a conjuntura ainda é delicada e exige soluções em pautas críticas para o setor químico. “Caso alguns desafios competitivos consigam ser superados rapidamente, como a regulamentação do novo mercado do Gás e o reequilíbrio da agenda internacional, com políticas comerciais alicerçadas em facilitação de comércio, cooperação internacional, competitividade e segurança jurídica do sistema de defesa comercial, temos todo o potencial para, já no curto prazo, ampliar a utilização da capacidade instalada e seguirmos mantendo a garantia de total disponibilidade de atendimento da demanda interna com fabricação nacional e de colocarmos o Brasil em uma posição favorável para atração de investimentos externos nesse momento de reavaliação de grandes economias sobre seus interesses geopolíticos em relação à produção e consumo de bens nas cadeias de valor”, destaca Marino.
Fonte: Abiquim