O segmento de produtos químicos de uso industrial mantém, pelo quarto mês seguido, elevação em seus principais índices, segundo Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim. O volume de produção cresceu 2,9%, as vendas internas tiveram alta de 0,31%, enquanto a demanda nacional por produtos químicos, medida pelo consumo aparente nacional (CAN), que mede o resultado da soma da produção mais importação excetuando-se as exportações, teve crescimento de 17,4% em setembro, em relação ao mês anterior.
Na comparação de setembro de 2020 com igual mês do ano passado os resultados também são positivos: o índice de produção cresceu 8,05%, o de vendas internas teve resultado 18,38% melhor e o CAN registrou elevação de 31,5%. A utilização da capacidade instalada alcançou 77% em setembro, seis pontos acima do registrado em igual mês do ano passado. Os volumes também cresceram no acumulado do terceiro trimestre do ano, em relação aos dados do segundo trimestre: o índice de produção foi 24,5% superior, o de vendas internas teve desempenho 50,74% melhor e o CAN cresceu 27,1%.
Segundo a diretora de Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a atividade interna mostra melhoria consistente nos últimos quatro meses, após um período de forte retração, entre abril-maio, estimulado pela Covid-19. “Tradicionalmente, para os produtos químicos de uso industrial, que estão na base de diversas outras cadeias industriais, os meses de julho a outubro são os melhores do ano, em razão das encomendas de Natal e do período de verão, que eleva a procura por descartáveis e outros itens. Neste ano, além desse movimento sazonal, há ainda recomposição geral de estoques em diversas cadeias, além de uma elevação conjuntural da demanda por químicos não só no Brasil, mas também no mercado internacional”, afirma a diretora da Abiquim.
No acumulado de janeiro a setembro de 2020, sobre igual período do ano anterior, o índice de produção caiu 3,34% e o de vendas internas teve recuo de 2,89, o CAN teve elevação de 11% de janeiro a setembro, sobre o mesmo período de análise do ano passado. Porém o produto nacional perdeu espaço para o importado. De janeiro a setembro de 2020, as exportações, em volume, recuaram 12,2% na comparação com igual período do ano passado, já as importações, restrita à amostra de produtos deste relatório, cresceram 21,3%. “Existe uma clara tendência de níveis ainda mais altos, por conta da melhora da demanda interna”, explica Fátima.
As importações estão ocupando uma fatia cada vez maior da demanda, alcançando expressivos 46% nos últimos 12 meses, de outubro de 2019 a setembro de 2020, novo recorde do setor desde o início da análise em 1990. Em setembro deste ano, o volume importado da amostra de produtos do RAC subiu expressivos 38,8%, na comparação com o mês anterior.
Quanto ao índice de preços, houve elevação nominal de 17,87% no acumulado dos últimos 12 meses, até setembro. No entanto, se deflacionado pelo dólar, os preços médios reais estão 16,3% menores em relação àqueles praticados nos 12 meses anteriores, notadamente em decorrência da forte desvalorização do Real, em relação ao dólar. Em setembro de 2020, os preços reais praticados no País, excluindo-se a variação cambial, estão no mais baixo nível desde janeiro de 2007, exibindo recuo de 17,1% na comparação com dezembro do ano passado.
“O Brasil não é formador de preços em química, mas sim tomador, sendo essa informação relevante para entendimento do contexto. O elevado custo Brasil, atrelado aos altos custos com aquisição de matérias-primas, como a nafta-petroquímica, o gás natural, a energia e a deficiência logística, acabam impondo um custo ao produtor local que nem mesmo a depreciação do Real compensa. Por essas razões, é urgente que as questões estruturais sejam atacadas e devidamente solucionadas para que a indústria nacional possa competir de forma justa e adequada com suas congêneres no mercado internacional”, explica a diretora da Abiquim.
Fonte: Abiquim