Os principais índices Abiquim-Fipe dos químicos de uso industrial tiveram melhora em maio de 2022. As vendas internas subiram 2,51%, o volume de importações cresceu 42,1% e a demanda interna, medida pelo consumo aparente nacional (produção + importações – exportações), apresentou alta de 7,1%; todas as variações em relação ao mês de abril.
A produção recuou 15,82% no mês e o índice de utilização da capacidade instalada despencou para 64%, segundo pior resultado mensal desde janeiro de 2007, sobretudo devido a paradas programadas e não programadas para manutenção. Já o índice Geral de Preços Abiquim-Fipe repetiu o movimento de alta verificado em abril e subiu 2,06%, em maio.
No Brasil, o Real teve valorização de 3,87% em maio de 2022, em relação ao dólar, enquanto os preços do petróleo Brent e da nafta petroquímica no mercado internacional, convertidos para reais, apresentaram aumento de 18,27% e 2,45%, respectivamente, na comparação com o mês anterior. Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, o efeito combinado dessas variáveis está refletido no preço médio dos produtos químicos de uso industrial, mas também no preço das importações totais de produtos químicos, cujo valor registrou elevação de 34,2% em maio deste ano sobre igual mês de 2021 (preço médio em dólares convertido em reais).
Confira, na tabela abaixo, os principais indicadores do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) da Abiquim:
Nos últimos doze meses, até maio de 2022, o índice de quantum da produção acumulou elevação de 2,41%, demonstrando piora no ritmo de crescimento em relação ao resultado dos doze meses anteriores. O índice de vendas internas caiu 6,27%. A taxa anualizada das vendas internas continua se deteriorando em relação ao resultado anterior, quando havia exibido queda de 5,95% (doze meses findos em abril de 2022).
Já o volume de importações apresentou uma elevação de apenas 1,3% com forte desaceleração em relação ao fechamento de 2021 (+10,6%). Destaque para as exportações, com peso de cerca de 10% sobre a produção, que cresceu 6,6% na média dos últimos doze meses, até maio de 2022.
O consumo aparente nacional (CAN), por sua vez, subiu 4,0% e a participação das importações sobre o CAN caiu para 45% na média dos últimos doze meses. Com a alta dos preços no mercado internacional, o déficit na balança comercial de produtos químicos alcançou novo recorde, de US$ 54,95 bilhões nos últimos doze meses, até maio de 2022. Em relação aos preços, o IGP-Abiquim-FIPE acumulou alta nominal de 13,81% e o índice de utilização da capacidade instalada ficou em 74%, mantendo ainda ociosidade em nível elevado e mostrando que a indústria local tem condições de elevar a produção no curto prazo, sem necessidade de novos investimentos.
Na avaliação de Fátima Ferreira, além da continuidade da melhoria nas exportações, é fundamental que a atividade interna dê sinais de retomada. Ela afirma que a elevação dos custos de produção no período recente, especialmente daqueles decorrentes da energia e das matérias-primas, bem como as deficiências logísticas e a alta carga tributária, tem impactado, direta e indiretamente, o segmento de produtos químicos de uso industrial. “Diretamente, porque as empresas locais não têm conseguido competir com suas congêneres localizadas em regiões com custos mais baixos. Indiretamente, porque o mesmo ocorre com clientes na cadeia, que estão sofrendo com importações de produtos acabados e/ou de uso final”, completa. “A falta de competitividade e isonomia dos segmentos mais expostos ao mercado internacional e que trabalham com produtos que são transacionáveis é evidente e vem se acentuando nos últimos meses”, continua a diretora, afirmando também que a recuperação da credibilidade e da confiança do empresariado local e do estrangeiro são fatores essenciais para que o Brasil volte a ser visto como um local de oportunidades de investimentos e de novos desenvolvimentos.
Fonte: Abiquim