Cientistas da Faculdade de Engenharia da Universidade de Purdue, nos Estados Unidos, desenvolveram e validaram um método patenteável que pode ampliar o uso industrial do plástico cerâmico, fazendo com que seja mais deformável à temperatura ambiente. Plasticidade ou deformabilidade plástica é a capacidade de um material ser moldado em uma forma específica sem quebrar. Tipicamente, cerâmicas têm essa característica muito limitada.
Haiyan Wang e Xinghang Zhang, professores de engenharia, lideraram a equipe que conseguiu melhorar a deformabilidade plástica do material introduzindo características específicas em cerâmicas quebradiças a altas temperaturas.”Essa estratégia pode notavelmente aprimorar a deformabilidade plástica da cerâmica à temperatura ambiente e mantém a promessa de introduzir ductilidade, ou a capacidade de ser moldada quase como líquido, na cerâmica em um futuro próximo”, afirmou Zhang, em nota.
A pesquisa foi publicada recentemente na revista científica Science Advances. A abordagem complementa estudos anteriores. “Nem todos os materiais cerâmicos podem ser processados pelo método de sinterização flash”, observou Wang. “O novo método pode ser aplicado a quase todos os materiais cerâmicos.”
Essas cerâmicas são usadas como materiais estruturais em indústrias aeroespaciais, de transportes, usinas de energia e manufatura. Também têm aplicação em rolamentos em motores e máquinas, capacitores, materiais isolantes elétricos, eletrodos em baterias e células de combustível e revestimentos de barreira térmica em máquinas de alta temperatura.
Os materiais estudados pelos cientistas são mecânica e quimicamente fortes, eles resistem ao desgaste e à corrosão, isolam contra calor e eletricidade e têm pontos de fusão mais altos do que os metais. No entanto, são quebradiços à temperatura ambiente e se dobram apenas quando muito aquecidos. Wang disse que a cerâmica tem poucos pontos defeituosos — chamados de discordâncias —, que fragilizam.
Zhang destacou que, em contraste, os materiais metálicos são mais maleáveis devido à sua capacidade de formar uma alta densidade de discordâncias, que são móveis em metais à temperatura ambiente, melhorando sua deformabilidade. Assim, a maneira encontrada pelos pesquisadores para ampliar a plasticidade da cerâmica é criar pontos defeituosos.
A equipe de Purdue introduziu discordâncias em materiais cerâmicos durante a deformação em altas temperaturas. Uma vez resfriadas, as amostras de cerâmica exibiram maior plasticidade à temperatura ambiente. “A técnica é mais amplamente aplicável a uma gama de cerâmicas do que o método de sinterização flash, uma vez que nem todos os materiais cerâmicos podem ser processados por sinterização flash”, frisou Wang.
A técnica foi testada e validada em laboratório em diversos sistemas cerâmicos e pilares cerâmicos de diferentes dimensões, mostrando seu potencial inovador. A equipe de pesquisa, incluindo Wang, Zhang e R. Edwin Garcia, professor de engenharia de materiais, e seus alunos de pós-graduação, irá colaborar com a indústria em demonstrações em larga escala da abordagem em diferentes situações, com apoio do Escritório de Pesquisa Naval dos EUA.
A sinterização flash é uma das formas de produzir a cerâmica. É como se uma grande quantidade de pó de cerâmica fosse aquecida muito rápido, mas não o suficiente para derreter completamente. Assim, as pequenas partículas começam a grudar umas nas outras, formando uma peça sólida com muitos poros. Esse processo produz peças cerâmicas fortes em pouco tempo.
Fonte: Correio Braziliense