A demanda do setor de transformação de material plástico vem caindo exponencialmente nos últimos dois anos em Minas Gerais. Em 2024 esse recuo está ainda mais pesado, englobando uma retração acumulada que chega a 35% do volume que era transformado. A queda vem sendo sentida desde o ano passado e se manteve neste primeiro semestre de 2024. A avaliação é da presidente do Sindicato da Indústria do Material Plástico do Estado de Minas Gerais (Simplast-MG), Ivana Serpa Braga.
De acordo com ela, a perspectiva para este ano não é das melhores. “Eu arrisco dizer que a economia brasileira está na porta do CTI e que algo precisa ser feito com urgência, pois a situação não está boa e não podemos pôr panos quentes ou fazer vista grossa para isso. Acredito que vamos sofrer consequências bem pesadas a curto prazo. Aliado a isso, o mercado não está comprador. O dinheiro não está girando e, realmente, vamos fechar no vermelho sim, muito em função da conjuntura econômica geral, que atinge todos os setores dos quais somos fornecedores”, avaliou.
Os reflexos estão afetando todos os setores, que sentem com a elevação dos insumos, apontou a dirigente. “Tudo subiu demais de preço, mas quando falamos de cadeia, uma coisa vem puxando a outra. A matéria-prima do nosso setor em si, ela não subiu tanto, mas tudo quanto é produto vem sofrendo com a elevação nos preços. O combustível subiu demais, a mão de obra subiu, os subsídios de classe aumentaram. A estrutura toda está inflada. Isso está provocando essa alta de preços dos produtos”, observou.
O plástico é um produto que está presente em todos os segmentos, e a dirigente acredita que a conjuntura econômica do Brasil não está ajudando o mercado. “Percebemos que os investimentos do exterior aqui no Brasil caíram absurdamente, até por causa de uma insegurança jurídica que o País vem enfrentando. E ainda tem a falta de políticas públicas para estimular as indústrias nacionais. Acredito, inclusive, que até o agro está começando a se retrair, o que também influenciou muito a indústria de transformação do plástico, porque é uma cadeia subsequente. Acredito que é todo um cenário do Brasil que fez com que o mercado retraísse, no caso o mercado de plástico”, analisou.
Segundo a presidente, é visível que não existem planos de investimentos e nem de ampliação do setor de plástico em Minas Gerais, pois todos os aportes estão suspensos. “Até então muitas indústrias estavam segurando, mas eu já percebo demissões no setor. Estamos vivendo um momento de retração mesmo. Está todo mundo se ajustando para esse cenário que não está muito promissor. Se não houver qualquer incentivo ou qualquer movimento que faça com que haja uma retomada, infelizmente o setor de plástico não vai ter bons resultados, ou melhor, já não estamos conseguindo”, observou.
Em sua avaliação, ela apontou que “isso é muito sério pois, a partir do momento que não existe a modernização, perde-se em inovação, e não há capital para investir e acompanhar a tendência mundial. Com isso, cria-se mais um gap entre a indústria brasileira e a indústria internacional, pois ela se torna mais competitiva no exterior e internamente você não consegue competir. Você perde na inovação, perde na produtividade, consequentemente seu preço fica muito maior que o do mercado internacional. Então isso é muito sério e o Brasil vai sofrer essa perda, principalmente na desigualdade com a concorrência mundial”, destacou.
Com relação à reforma tributária, a dirigente destacou que existem sim algumas coisas que podem melhorar para a atividade. “Hoje a indústria acaba pagando um preço bem caro no que diz respeito à carga tributária. Temos um universo aqui em Minas Gerais que gira em torno de 45% a 48% da carga total tributária da indústria. Eu acho que a reforma tributária poderá amenizar isso, mas é uma coisa que sabemos que a implementação será a longo prazo. No início será mais suave, até chegar efetivamente na conta final do industrial”, projetou.
Fonte: Diário do Comércio