Uma nova pesquisa, publicada no periódico “Annals of Internal Medicine”, constatou que pessoas que consomem mais gordura saturada não têm mais doenças cardíacas que aquelas que consomem menos desse tipo de gordura.
O estudo também não encontrou menos doença cardíaca entre pessoas que comem mais gorduras insaturadas, incluindo gorduras monoinsaturadas, como azeite de oliva, ou poli-insaturadas, como óleo de milho.
“Minha interpretação é que não é a gordura saturada que deve nos preocupar em nossas dietas”, disse Rajiv Chowdhury, autor principal do novo estudo e epidemiologista cardiovascular no departamento de saúde pública da Universidade Cambridge.
Na nova pesquisa, Chowdhury e colegas basearam-se em quase 80 estudos. Eles encontraram realmente uma ligação entre as gorduras trans –os óleos parcialmente hidrogenados que durante muito tempo foram acrescentados a alimentos processados– e as doenças cardíacas. Mas não constataram evidências de perigos da gordura saturada nem de benefícios de outros tipos de gorduras.
Mas Frank Hu, professor de nutrição e epidemiologia na Escola Harvard de Saúde Pública, disse que o trabalho não deve ser interpretado como “sinal verde” para o consumo de carne bovina, manteiga e outros alimentos ricos em gordura saturada.
Para ele, analisar gorduras e outros grupos de nutrientes isoladamente pode ser enganoso, porque quando as pessoas reduzem seu consumo de gorduras elas tendem a comer mais carboidratos refinados que podem ser nocivos para a saúde cardiovascular.”Acho que as diretrizes nutricionais futuras vão dar mais ênfase à comida real, em vez de definir limites para certos macronutrientes.”
Um grande ensaio clínico realizado em 2013, publicado no “New England Journal of Medicine” e não incluído na análise atual constatou que uma dieta mediterrânea com mais nozes e azeite de oliva extravirgem reduz infartos e AVCs, quando comparada com uma dieta com teor de gordura mais baixo e com mais amidos.
Fonte: Folha de São Paulo