A Agência de Vigilância Sanitária reagiu à decisão do Senado de liberar inibidores de apetite proibidos. A Anvisa vai exigir uma nova análise dos remédios para emagrecer antes de autorizar a volta para o mercado. A Anvisa quer uma garantia de que esses remédios são seguros e de que funcionam.
Os laboratórios terão que comprovar bons resultados. A Anvisa quer garantias de que os medicamentos não ameaçam a saúde dos pacientes. Nesta quinta-feira (4), o Bom Dia Brasil mostrou a saga da Michele para emagrecer. Ela perdeu 20 quilos em 20 dias, usando esses medicamentos. Mas pouco depois engordou tudo o que tinha perdido e, o pior, adoeceu.
Quem procurar não vai encontrar nas farmácias os inibidores de apetite. Os medicamentos foram liberados pelo Senado, mas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária diz que não é tão simples assim.
Para que os remédios para emagrecer possam voltar a ser vendidos, os fabricantes terão que apresentar estudos clínicos provando que os benefícios existem. Sem isso, segundo a Anvisa, os registros não serão autorizados. “Esses produtos, para estarem no mercado, precisam comprovar que são eficazes, são seguros. Os dados que estão disponíveis hoje, no Brasil, e em muitos lugares do mundo não servem para isso”, afirma Dirceu Bardano, diretor-presidente da Anvisa.
Um relatório embasou a proibição há três anos. O documento da Anvisa diz que os países europeus não usam estas anfetaminas desde 99. E cita estudos científicos que listam efeitos colaterais e reações adversas. E que não comprovam que o resultado compensa os riscos à saúde.
Sobre a sibutramina, foi constatada que a perda de peso é pequena. A prescrição no Brasil foi condicionada à assinatura de um termo de responsabilidade pelo paciente e pelo profissional. O uso controlado, segundo o endocrinologista, Flávio Cadegini, deveria acontecer também com as anfetaminas. “Não sei se isso vai impedir 100% o abuso do uso dos medicamentos, mas que pelo menos vai impedir uma boa parte, isso vai. E acho que isso é o mais importante”, endocrinologista.
Para a Sociedade Brasileira de Endocrinologia é importante que os medicamentos voltem ao mercado. “São vários fatores genéticos, comportamentais, etc. que levam o paciente a obesidade, e quanto mais opções nós tivermos para tratar esses pacientes, melhores resultados os pacientes terão”, argumenta João Lindolfo Borges, integrante da Sociedade Brasileira de Endocrinologia.
O conselheiro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Lázaro Miranda, alerta que esses medicamentos não podem ser usados por quem tem pressão alta, problemas no coração e nem por diabéticos: “Detectando esses fatores nós aconselhamos que ele desista desse recurso, desse medicamento. E sugerimos outras possibilidades de perda de peso, que são dietas adequadas, exercícios físicos”, ressalta o cardiologista.
Michele tomou remédio. Passou mal, emagreceu, mas não manteve o peso. “Ai veio o efeito sanfona, veio assim, eu engordei três meses depois tudo de novo e mais um pouco”, conta Michele
Ela decidiu mudar radicalmente. Com ajuda profissional e força de vontade, encarou uma rotina de exercício e uma reeducação alimentar. Em 8 meses perdeu 15 quilos e passou do manequim 48 para o 40. “De segunda a sexta a gente manera, faz exercícios, come de três em três horas direitinho. Dá sim. Eu estou aqui, é prova disso. Consegui”, diz Michele.
A Michele mostrou que para emagrecer, antes de mais nada, é preciso disciplina e consciência do que faz bem à saúde. E o que é fundamental: buscar orientação médica.
Fonte: G1