As vacinas revolucionaram a medicina e continuam salvando vidas. Não existem dúvidas sobre sua importância e o impacto positivo de campanhas de vacinação para a prevenção de doenças, algumas das quais parecem hoje memórias de um passado distante. Isso também faz com que as pessoas se sintam mais seguras e comecem a perder a perspectiva da real contribuição das vacinas; se eu nunca vi alguém com a doença X e eu não sei direito como a vacina anti-X funciona, talvez eu ache melhor não me vacinar ou não vacinar meus filhos. Em um mundo cheio de teorias da conspiração, não é difícil encontrar na internet argumentos (normalmente infundados) para se ter medo de vacinas. Infelizmente os EUA recentemente vivenciaram um processo deste tipo, o que acabou resultando na maior epidemia de Sarampo em décadas [1].
Existem vários aspectos envolvidos neste problema e um deles diz respeito a falta de informação do público leigo sobre como as vacinas funcionam, bem como nossa dificuldade de comunicar ciência para leigos. E no contexto de vacinas isso se torna ainda mais complicado porque de fato existem vários detalhes que são ignorados inclusive por profissionais da saúde. Há décadas nós sabemos “usar” as vacinas em nosso proveito, mas existem vários detalhes do funcionamento do sistema imunológico e dos mecanismos de memória que só agora começam a ser desvendados. Precisamos evidenciar a importância das vacinas e tranquilizar o público sobre a segurança das vacinas que usamos. Ao mesmo tempo, precisamos nos atualizar e descobrir formas de educar a população, para com o tempo fazermos um uso ainda mais adequado desta tecnologia fantástica que são as vacinas.
Por exemplo, uma questão que precisa ser considerada é que toda a vacinação tem uma consequência permanente no sistema imunológico do indivíduo. E esta alteração não é apenas no sentido de expandir o repertório de defesa. Se o sistema imunológico de um indivíduo fosse um álbum de figurinhas, originalmente pensaríamos que cada vacinação (ou infecção) adicionaria uma figurinha no álbum. “Consegui anti-Sarampo, agora quero a da febre amarela e muitas outras”. Neste sentido o álbum precisaria ser infinito e quanto mais vacinas, melhor. Mas a medida que compreendemos mecanismos relacionados a memória imunológica, fica cada vez mais evidente que não é tão simples. Nosso álbum tem um certo limite de posições e a cada vacinação nós reordenamos as figurinhas, decidimos quais são as nossas favoritas e inclusive jogamos algumas fora.
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Fonte: Pfarma