O Brasil importou US$ 45,7 bilhões em produtos químicos em 2014. O valor representa uma redução de 0,9% em relação ao valor importado no ano anterior, segundo dados da Abiquim. Em termos de volumes, entretanto, as compras externas ultrapassaram 40,2 milhões de toneladas, um expressivo aumento de 7,3% na comparação com as quantidades importadas em 2013. Os intermediários para fertilizantes continuaram sendo o principal item da pauta de importação do setor com compras de mais de 23,4 milhões de toneladas, as quais totalizaram US$ 7,7 bilhões em 2014. As exportações brasileiras de produtos químicos, por sua vez, de US$ 14,5 bilhões, em 2014, avançaram 2,6% na comparação com o ano anterior, particularmente impulsionadas pelo aumento de vendas de produtos químicos inorgânicos, de 15,5%, e de aditivos de uso industrial, de 26,2%.
As resinas termoplásticas, com vendas de US$ 2,1 bilhões, foram os produtos químicos mais exportados no ano passado, um aumento de 2,3% na comparação com 2013. O déficit na balança comercial de produtos químicos totalizou US$ 31,2 bilhões em 2014, valor próximo, contudo US$ 400 milhões abaixo, das previsões divulgadas pela Abiquim no Encontro Anual da Indústria Química – ENAIQ, em dezembro passado. O montante representa uma redução de 2,4% em relação ao total de 2013, quando o déficit em produtos químicos foi de US$ 32,0 bilhões, o maior já registrado no histórico do acompanhamento da balança comercial de produtos químicos. Avaliando-se as trocas comerciais com os principais blocos econômicos regionais, em 2014, o Brasil foi superavitário apenas em relação aos países do Mercosul e da Aladi, respectivamente saldos comerciais de US$ 710 milhões e US$ 1,1 bilhão. Entretanto, foram registrados resultados negativos expressivos em relação à União Europeia e ao Nafta (América do Norte), que somados ultrapassaram um déficit de US$ 19,2 bilhões.
Para a diretora de Assuntos de Comércio Exterior da Abiquim, Denise Naranjo, a aparente diminuição do déficit comercial em produtos químicos não deve ser comemorada, pois deriva de uma conjuntura de preços internacionais deprimidos e de um fraco desempenho de toda a indústria de transformação em 2014. “Infelizmente não podemos celebrar os resultados da balança comercial de produtos químicos em 2014. Na verdade, a leve redução do déficit basicamente se deveu a uma conjugação da queda dos preços médios internacionais em praticamente todos os grupos de produtos acompanhados e de um ano muito difícil para toda a indústria de transformação no País, com redução considerável da demanda por bens intermediários”, destaca Denise.
Quanto às perspectivas para 2015, o presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, avalia que o cenário será bastante desafiador, sobretudo considerando que a parcela de produtos químicos importados no consumo aparente nacional atualmente margeia os 35% e que existem indícios de que produtores no exterior estão mantendo preços deliberadamente abaixo de níveis saudáveis para o comércio internacional. “Como a demanda mundial ainda mostra um comportamento muito irregular, estoques exportáveis nos grandes mercados de químicos estão disponíveis e continuarão a se formar neste ano. Com isso não podemos excluir a possibilidade da prática de preços predatórios por grandes produtores no exterior para conquistar mercados e manter suas fábricas com altas taxas de utilização da capacidade instalada”, ressalta Figueiredo.
Fonte: Sinproquim