O déficit acumulado na balança comercial de produtos químicos atingiu US$ 12,7 bilhões no primeiro trimestre do ano, recorde do indicador para o período e um expressivo aumento de 46,7% na comparação com o total, de US$ 8,7 bilhões, registrado entre os meses de janeiro e março do ano passado. Nos últimos 12 meses (abril de 2021 a março de 2022), mais um preocupante recorde. Pela primeira vez em toda a série histórica da balança comercial de produtos químicos, medida desde 1989, o déficit acumulado em doze meses (abril de 2021 a março de 2022) atingiu a marca de US$ 50 bilhões, o qual tende a se agravar nos próximos meses com qualquer eventual reaquecimento dos volumes de importações.
De janeiro a março, as importações de produtos químicos foram de US$ 16,7 bilhões, forte elevação, de 44,0% em relação ao mesmo período de 2021, devida particularmente ao aumento de 59,8% nos preços dos importados, pois, em termos de quantidades físicas, as mais de 12,3 milhões de toneladas importadas significaram uma redução de 9,9% na comparação com os três primeiros meses do ano passado. Houve retrações de volumes em praticamente todos os grupos de produtos, especialmente em intermediários para fertilizantes (11,7%), em resinas termoplásticas (29,9%) e em produtos químicos orgânicos (11,7%).
Já as exportações, por sua vez, de praticamente US$ 4 bilhões, resultaram de um aumento de 36,0% na mesma comparação, tendo as quantidades exportadas, de 3,7 milhões de toneladas, contudo, apontado um recuo de 4,2%.
Comparando março desde ano com o mesmo mês em 2021, os preços médios das importações de produtos químicos tiveram alta de 54,5% (de US$ 914/T para US$ 1.412/T). Especificamente os intermediários para fertilizantes tiveram um aumento inédito de 141,6%, no contexto do instável cenário internacional para oferta dessas mercadorias, particularmente agravado pelo conflito armado Rússia-Ucrânia, dois grandes provedores globais de fertilizantes.
Para o presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, os níveis inéditos de preços internacionais de commodities e a forte pressão dos custos relacionados à logística internacional são variáveis externas incontroláveis e de impacto doméstico potencializado pela elevada dependência do Brasil de insumos e matérias-primas que poderiam ser fabricadas no País em condições competitivas mais favoráveis. “O momento é crítico e exige ação imediata por parte da Indústria e do Governo Federal. A falta de uma política de Estado para o setor industrial vem elevando o nível de importações e de dependência brasileira em setores estratégicos para a própria sustentabilidade do crescimento econômico nacional. No curtíssimo prazo, somente segurança jurídica e estabilidade do ambiente de negócios podem frear o processo de descontinuidade de diversas linhas de fabricação, e consequente desindustrialização do País, e atrair novos investimentos produtivos. É exatamente por isso que a indústria química continua com prioridade emergencial advogando pelo desenvolvimento de uma estratégia de Estado visando o longo prazo, além da retomada do Regime Especial da Indústria Química – REIQ, medida garantidora de 85 mil empregos, de uma arrecadação de 3,2 bilhões de reais e de uma participação no PIB, da ordem de 5,5 bilhões de reais, segundo dados de Estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV)”, destaca Marino.
Fonte: Abiquim