A Abiquim promoveu no dia 18 de junho a live “Desafios e soluções do mercado de adesivos frente à pandemia de Covid-19” em seu canal no YouTube. A live teve a participação do gerente de Vendas da América do Sul da Parker, Andrios de Souza; do head de Desenvolvimento de Produtos para Packaging & Consumer Goods da Henkel para a América Latina e coordenador da Comissão Setorial de Colas, Adesivos e Selantes da Abiquim, Carlos Motta; e do CEO da Artecola e vice-presidente do Conselho Diretor da Associação, Eduardo Kunst; e teve moderação do presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino; e da gerente de Comunicação da Associação, Camila Matos.
O head de Desenvolvimento de Produtos para Packaging & Consumer Goods da Henkel para a América Latina e coordenador da Comissão Setorial de Colas, Adesivos e Selantes da Abiquim, Carlos Motta, explicou que o setor está presente em uma diversidade de segmentos industriais como colas escolares e profissionais, embalagens de alimentos, na indústria calçadista, setor aeroespacial, no segmento automotivo, na construção civil e até aeroespacial. “Os adesivos são como tintas, eles atuam como agentes invisíveis que fazem com que o produto chegue ao mercado. A Henkel sempre atuou no mercado de consumo, por exemplo com as marcas Pritt, Cascola, Superbonder, Durepoxi e Sista. Temos uma gama enorme de aplicações industriais, de forma que atendemos os mais variados segmentos. Enquanto alguns paralisaram por completo suas atividades por causa da pandemia, outros como o de embalagens para bens de consumo, aumentou a sua demanda a taxa de dois dígitos. Temos equilibrado a nossa operação de acordo com as distintas oscilações do mercado”, analisa.
O CEO da Artecola e vice-presidente do Conselho Diretor da Abiquim, Eduardo Kunst, deu um panorama de como a pandemia de Covid-19 afetou as diversas indústrias atendidas pelo segmento de colas, adesivos e selantes: “todos os segmentos que atendemos foram atingidos, alguns com impacto menor como agronegócio e usuários de embalagens de produtos de limpeza e farmacêutica, foram bem e continuaram operando o tempo todo. Nossa planta não parou nenhum dia. Dos segmentos que atuamos o mais impactado foi o automotivo, que teve uma parada grande”. Sobre a recuperação dos segmentos clientes, Kunst acredita que irá variar muito de um setor para outro, com alguns se recuperando mais rapidamente e outros levarão mais tempo. “Na média, minha expectativa é que o volume de adesivos tenha uma queda entre 20% e 30% neste ano”. Já o head de Desenvolvimento de Produtos para Packaging & Consumer Goods da Henkel para a América Latina, Carlos Motta, afirma que as incertezas geradas pela pandemia tornam muito difícil realizar uma projeção de faturamento para os próximos meses do ano. “O importante é observar que a indústria de adesivos, colas e selantes está pronta para responder às atividades dos clientes. Assim como observado recentemente com a volta das atividades das montadoras, à medida que outros setores da economia retomem suas atividades normais, a indústria de adesivos irá acompanhar”.
O gerente de Vendas da América do Sul da Parker Lord, Andrios de Souza, explicou que a empresa atua no setor de transportes, um dos mais afetados pela pandemia, no caso dos fabricantes de ônibus a queda chegou a ser de 50%. “A queda de produção nos setores clientes gerou principalmente uma queda na área de adesivos estruturais da empresa”.
De acordo com os executivos, o setor tem sofrido com a variação cambial que vem ocorrendo nos últimos meses. Segundo Kunst, da Artecola, os embarques da China já estão normalizados e não existe perspectiva de problemas de disponibilidade de matérias-primas. “Entretanto os custos já estão mais altos em função da variação cambial, afetando diretamente os custos dos produtos finais, outro ponto é que caso a retomada seja mais rápida do que o esperado, isto pode dificultar o abastecimento por falhas nas previsões de demanda. As empresas brasileiras já tinham o objetivo de ampliar as compras locais, porém o atual cenário as incentivam sim a ampliar esses trabalhos”. O gerente de Vendas da América do Sul da Parker Lord, Andrios de Souza, explica que a cadeia química de forma geral está baseada no dólar. “Mas se isso gera um momento de desafio para as empresas do ramo químico. Pode ajudar a valorizar as cadeias nacionais. É importante minimizar esse impacto e sair da fase de pandemia mais fortalecido em termos financeiros”. O head de Desenvolvimento de Produtos para Packaging & Consumer Goods da Henkel, Carlos Motta, completa: “a principal dificuldade é lidar com a variação. Ao longo dos últimos anos, temos desenvolvido soluções locais, que hoje respondem por uma parcela significativa dos insumos para a produção de inúmeros produtos do nosso portfólio. Para as matérias-primas que continuamos dependendo de importação, nós temos monitorado de perto a rede de suprimentos e adotamos medidas adicionais para garantir tanto a segurança dos nossos colaboradores quanto manter o pleno compromisso com a continuidade do negócio. A empresa está aberta a todos os fornecedores nacionais, desde que cumpram com os princípios éticos e técnicos”.
Os executivos também acreditam que ocorrerão transformações no consumo e na atuação das empresas. Segundo o CEO da Artecola, Eduardo Kunst, a forma de fazer negócios ocorrerá com maior frequência pelo meio digital e o consumidor buscará produtos mais inteligentes e responsáveis, que respeitem o meio ambiente e facilitem o uso pelo consumidor final. “O segmento voltado para o consumidor final deve crescer neste ano, até pelo fato dos consumidores finais estarem mais em casa, associado também ao trabalho na modalidade home office, cada empresa tem uma estratégia distinta em relação a este segmento, porém podemos sim dizer que ele deverá ter mais atenção neste cenário”. O head de Desenvolvimento de Produtos para Packaging & Consumer Goods da Henkel para a América Latina, Carlos Motta, explicou que o home office e o atendimento remoto aos clientes, que já aconteciam antes pandemia, deverão ser mantidos pela empresa. Entre os mercados importantes para a segurança nacional que poderão ser abastecidos pelo segmento de colas, adesivos e selantes, Motta explica que as máscaras, protetores faciais usados na área médica e até respiradores usam adesivos. “São produtos importados que podem ser fabricados aqui e não será por falta de adesivos que não serão fabricados”, finaliza Motta.
Outros temas
Durante a live, também foram recebidas perguntas sobre outros temas relacionados ao setor de colas, adesivos e selantes. Seguem abaixo as respostas do CEO da Artecola e vice-presidente do Conselho Diretor da Associação, Eduardo Kunst; e do head de Desenvolvimento de Produtos para Packaging & Consumer Goods da Henkel para a América Latina e coordenador da Comissão Setorial de Colas, Adesivos e Selantes da Abiquim, Carlos Motta:
Quais seriam os drives de matérias-primas renováveis frentes àqueles derivados do Petróleo, para o curto e médio prazo?
No caso de nossa empresa, sim temos objetivos e metas claras neste sentido, inclusive com vários resultados muito positivos e já em aplicação comercial. (Eduardo Kunst/Aretcola)
Na Henkel, as matérias-primas de fonte renovável estão sempre no nosso foco, desde que sejam técnica e economicamente viáveis. Este é um grande foco para a companhia, tanto que o Brasil é considerado um hub para o desenvolvimento de soluções biorrenováveis. Temos produtos desenvolvidos no Brasil que utilizam em sua composição 86% de insumos de fontes renováveis, em comparação a produtos para a mesma finalidade com matérias-primas totalmente fósseis. (Carlos Motta/Henkel)
Quais seriam as expectativas futuras do mercado de adesivos para embalagens alimentícias, que estão com altas demandas. Isso deve ter continuidade?
Certamente este segmento deve seguir com desenvolvimentos muito importantes, inclusive pela vocação de nosso País como um dos maiores produtores de alimentos para o mundo todo. (Eduardo Kunst/Aretcola)
A tendência é que os adesivos para embalagens de alimentos cumpram cada vez mais papel de destaque, tanto por agregar funcionalidades (como por exemplo a barreira), atender às exigências de colagem de novos materiais para embalagens, exigências de materiais recicláveis e as exigências das legislações sobre segurança alimentar em embalagens para alimentos. Há uma tendência forte de sair de adesivos base solvente orgânico para adesivos sem solventes. (Carlos Motta/Henkel)
No mercado moveleiro, a perspectiva foi oposta. Recuperação deveria ser apenas daqui a 12 meses?
De fato este segmento está tendo uma retomada significativa, entretanto seu futuro no curto/médio prazo dependerá das vendas na ponta, do consumidor final. (Eduardo Kunst/Aretcola)
Clique aqui para assistir a live “Desafios e soluções do mercado de adesivos frente à pandemia de Covid-19” no canal da Abiquim no YouTube
Fonte: Abiquim