Confirmando a tendência de consecutivos e expressivos aumentos dos valores importados em produtos químicos, observada desde o início de 2021, em setembro, o Brasil ultrapassou, de maneira inédita e simultânea, duas marcas particularmente alarmantes: de US$ 6,2 bilhões em importações, no mês, e de US$ 40,3 bilhões no déficit para os últimos 12 meses (outubro de 2020 a setembro de 2021). As exportações brasileiras de produtos químicos, por sua vez, têm permanecido estáveis, em níveis mensais bastante inferiores ao das importações, com vendas médias de US$ 1,2 bilhões, relativas às expedições de 1,3 milhões de toneladas aos países de destino das mercadorias nacionais.
No acumulado do ano, até setembro, as compras de produtos químicos vindos do exterior somam US$ 42,4 bilhões, um forte crescimento de 39,8% frente ao mesmo período de 2020, enquanto as vendas de produtos químicos para o estrangeiro totalizaram US$ 10,2 bilhões, valor 23,6% superior ao registrado entre janeiro e setembro de 2020. Tais resultados acumulados produziram, no período, um déficit de US 32,2 bilhões, valor superior aos US$ 32 bilhões de 2013, até então maior déficit anual da história do acompanhamento da balança comercial pela Abiquim.
O momento é crítico para o setor. As fortes altas dos preços médios dos produtos transacionados entre o Brasil e o mundo (aumentos de 39,6% nos importados e de 21,5% nas exportações, comparando setembro de 2021 com igual mês do ano anterior), a manutenção da atividade econômica em patamares elevados em praticamente todas as cadeias que demandam químicos, além da sazonalidade do terceiro trimestre, historicamente mais forte para o setor, foram, em grande parte, os fatores conjunturais que resultaram nos piores indicadores da balança comercial de químicos.
Para o presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, somando-se a esse grave quadro conjuntural, a dependência externa em setores industriais estratégicos, como fertilizantes e produtos farmacêuticos, além da própria química, e a insegurança jurídica causada pelo avanço assimétrico das políticas comerciais sem as contrapartidas necessárias para garantia do ambiente de negócios justo e leal tornam urgente uma agenda de fortalecimento da competitividade focada em medidas pragmáticas de estímulo de curto prazo, como têm feito os principais players mundiais, e nas reformas estruturais da economia brasileira atreladas a um sistema de defesa comercial técnico, isento e robusto. “Nesse exato momento em que as principais economias estão reavaliando suas estruturas industriais e investindo bilhões de dólares para atrair investimentos que possam diminuir o risco de concentração de dependências externas em setores estratégicos, como a química, temos que ser pragmáticos e objetivos. O Plano Biden, nos EUA, de incentivo à capacidade industrial e tecnológica, o Plano Quinquenal da China e o “New Deal” Sul-coreano de investimentos e estímulos fiscais são exemplos concretos daquilo que imediatamente temos que fazer pelo Brasil para voltarmos a ter condições de competir internacionalmente, além de acelerar as reformas estruturais e reequilibrar a agenda internacional, com políticas comerciais alicerçadas em facilitação de comércio, cooperação internacional, competitividade e segurança jurídica do sistema de defesa comercial”, destaca Ciro.
Fonte: Abiquim