O Brasil importou US$ 6,4 bilhões em produtos químicos no mês de novembro. O inédito valor representa aumentos de 4,3% em relação a outubro deste ano (recorde mensal, até então) e de massivos 64,8% na comparação com novembro de 2020. Em termos das quantidades movimentadas, o volume importado, de praticamente 6,2 milhões de toneladas (respectivamente aumentos de 0,7% frente a outubro e de consideráveis 17,1% na comparação com igual mês do ano passado), também é recorde e confirma a tendência de estabilização das compras externas em um novo e alarmante patamar de produtos que poderiam ser fabricados no País, caso as condições de competitividade fossem mais favoráveis.
No acumulado do ano, até novembro, as compras externas de produtos químicos somam US$ 55 bilhões, aumento de expressivos 45,6% frente ao mesmo período do ano passado. Em termos de quantidades, por sua vez, as movimentações superaram 55,8 milhões de toneladas, no período, e significaram um aumento de 19% na comparação com o mesmo período de 2020. Os elevados níveis de aquisições deverão fazer de 2021, com projeção de mais de 60,5 milhões de toneladas, o quinto ano em que se terá batido consecutivamente o recorde setorial de volumes nas compras externas (anteriores eram de 51,5 milhões em 2020, de 47,6 milhões em 2019, de 45,2 milhões de toneladas em 2018 e de 43,1 milhões de toneladas em 2017), sobretudo em fertilizantes e seus intermediários, produtos com plenas condições técnicas e econômicas de serem fabricados nacionalmente.
As exportações, de US$ 1,3 bilhão, em novembro, recuaram 4% na comparação com outubro, mas um aumento, de 52,15%, em relação ao mesmo mês de 2020, mesmo que em patamar bastante inferior ao das importações. Entre janeiro e novembro deste ano, as vendas para o exterior totalizaram US$ 12,8 bilhões, aumento de 29,3% frente ao registrado em igual período do ano passado, resultado particularmente devido ao aumento médio de 17,5% dos preços, no mercado internacional, dos produtos químicos exportados pelo Brasil aos seus parceiros comerciais. Em que pese esse cenário geral favorável, foram verificadas importantes quedas nas quantidades vendidas ao exterior nos grupos de cloro e álcalis (-43,7%) e de resinas termoplásticas (-10,6%), ambos compostos por itens estratégicos e comprometidos com a manutenção de suprimento no mercado interno durante os períodos mais críticos da pandemia e também agora na sustentação do ritmo da atividade econômica.
O déficit na balança comercial de produtos químicos, até novembro, foi de US$ 42,2 bilhões, 51,4% superior ao registrado em igual período de 2020. Já nos últimos 12 meses (dezembro de 2020 a novembro deste ano), o déficit é de US$ 44,5 bilhões, podendo, inclusive, superar os US$ 45 bilhões previstos para o ano de 2021.
Para o presidente-executivo da Abiquim, Ciro Marino, os resultados da balança comercial em produtos químicos são simultaneamente consternadores, pois evidenciam o elevado nível de dependência externa em produtos críticos para o desenvolvimento sustentável da atividade econômica nacional (usos industriais) e para a própria segurança alimentar (fertilizantes e defensivos agrícolas) e de saúde humana (fármacos e seus princípios ativos) do povo brasileiro, mas ao mesmo tempo animadores, pois atestam a consistente resposta do mercado interno e o potencial crescimento do setor com políticas públicas de Estado que favoreçam a atração de investimentos produtivos. “Com as medidas de fortalecimento da competitividade industrial corretas, o setor químico brasileiro tem condições para dobrar de tamanho nos próximos 20 anos. Precisamos de ações de longo prazo e de uma política industrial sólida e previsível, alicerçadas em garantia da estabilidade regulatória, defesa comercial, segurança jurídica, infraestrutura e acesso competitivo às matérias-primas e insumos, fatores decisivos para atrair investidores e diminuir a vulnerabilidade externa em elos críticos da cadeia produtiva”, destaca Ciro Marino.
Fonte: Abiquim