A pandemia afetou e continua afetando diversos setores da economia brasileira e mundial.
Para tentar contribuir no combate à pandemia, várias empresas colocaram muitos recursos financeiros em suas áreas de pesquisa e desenvolvimento com foco na descoberta de possíveis tratamentos. Enquanto os resultados não vinham, muitos segmentos sofreram com demissões, diminuição de investimentos e interrupção de suas produções, resultando na busca do equilíbrio para viver o novo normal. Mesmo no segmento farmacêutico, presenciamos aumento do quadro de funcionários em algumas empresas, como também restruturações, reduções de força de vendas ou congelamento de vagas em outras.
O Brasil sentiu a retração econômica e precisou fazer ajustes, porém com investimentos de empresas estatais e privadas foi possível estabilizar o setor, reaquecendo as operações. Até para ficar mais explícita esta questão, segundo o IQVIA, empresa que auditora o setor farmacêutico, no ano passado o valor movimentado foi de R$139,37 bilhões, o que significou um aumento de 12,1% comparado com o mesmo período do ano passado, quando foi registrado R$ 120,54 bilhões.
De acordo com o levantamento da consultoria KPMG, no segundo semestre de 2019, ou seja, antes da pandemia, foram realizadas cinco operações no setor. O mesmo número também foi visto nos primeiros seis meses do ano passado. Em 2021, aconteceram quatro transações de empresas farmacêuticas entre os meses de janeiro e julho, mostrando que mesmo com uma queda no segmento existe uma tendência de investimentos internos e externos, mesmo com a pandemia em curso. Ou seja, as fusões e aquisições no setor farmacêutico não sofreram tanto neste período da pandemia, diferentemente de outros setores, e a aplicação de capital tem como fator primordial a tecnologia encontrada em nosso país, além da mão de obra.
Já quando falamos em tecnologia, remetemos nosso pensamento às startups. As healthtechs, como são chamadas, também crescem no Brasil. Segundo o estudo da Distrito Healthtechs Reports 2020, existem no país 542 startups na área da saúde, sendo que 57 estão relacionadas ao segmento de farmacêutica e diagnósticos. Dentro de uma subcategoria encontramos 19 companhias no segmento de pesquisa farmacêuticas. Este é um número que vem crescendo gradativamente e com a pandemia se tornou essencial para acelerar estudos na busca por soluções na luta contra a covid-19.
Todo esse histórico mostra que o Brasil possui um ecossistema de inovação muito forte. Como dito anteriormente, em nosso país existe muito recurso, além de profissionais extremamente qualificados. O interesse é visto tanto das empresas nacionais, como de companhias estrangeiras que estão chegando para iniciar suas operações industriais e comerciais, pois veem aqui uma oportunidade de expansão de negócios.
Desta forma é possível concluir que, mesmo diante da pandemia que estamos vivendo, o Brasil é um excelente polo para a indústria farmacêutica. O histórico já mostra isso e atualmente os investimentos estão chegando. É a oportunidade para nos tornarmos uma referência no segmento.
* Michel Batista é Gerente Sênior de Negócios da Celltrion Healthcare no Brasil.
Fonte: SEGS