Frascos, potes e bisnagas são muito mais do que recipientes para o seu cosmético favorito. Eles comunicam uma história, fazem contato com o consumidor e podem ser o motivo da compra ser concluída. Com a concorrência cada vez mais acirrada, não é só a estética que conta, mas valores, transparência e soluções amigas do planeta
Numa embalagem que imitava um morango, um lip balm com o cheiro artificial da fruta se tornou um produto icônico para muitas gerações a partir dos anos 1980. Há também quem se lembre do vidro bojudo e azulado do perfume Thaty, criado pelo Boticário na mesma época. Para outras pessoas, o que marcou foi o tubo amarelo do creme para cabelo Yamasterol. Lendo as linhas anteriores, é provável que as imagens descritas tenham imediatamente sido recuperadas da sua memória e chegado aos seus pensamentos. Guardamos na lembrança uma cópia fiel dos frascos justamente porque a embalagem é um dos nossos primeiros contatos com um produto e, ao despertar o sentido da visão – depois virão os aromas, a textura, a experiência –, se torna uma referência consolidada nas gavetas da memória.
É tão grande o impacto da embalagem que ela obedece a todo um processo de criação de conceito, elaboração de custos, produção, ajustes e, claro, atualização com o tempo e às necessidades do consumidor. Essa trajetória, às vezes, pode soar tediosa, afinal, como pode um pote transparente ser tão relevante para o mercado de beleza? Hoje, há situações em que o simbolismo da embalagem chega a ser maior do que o próprio produto. “A tríade qualidade, funcionalidade e estética traduz o posicionamento da marca e garante a diferenciação dela das outras. É um ponto de contato direto com o cliente. Esses fatores tornam a embalagem um ativo da marca”, explica Andréia Johansen, diretora comercial e de marketing da Incom, indústria fabricante de embalagens plásticas para o setor de beleza.
O Brasil representa hoje o quarto maior mercado de beleza do mundo, segundo os dados mais recentes da Euromonitor. Até em 2020, ano em que a pandemia abalou a economia, a beleza se manteve firme, fenômeno, em partes, explicado pelo maior consumo de sabonetes e cremes antissépticos. Para além disso, aconteceu também a ascensão definitiva do skincare e da rotina de autocuidado como forma de tentar aumentar o bem-estar em tempos difíceis. Dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec) registraram 5,8% de aumento nas vendas. Essa expansão só foi possível porque cresceu, através dos anos, a cadeia de fornecedores. Quanto mais aquecido é o mercado, mais robusto tem que ser o ecossistema de parceiros para suportá-lo. “É uma área bastante técnica, com equipes multidisciplinares, engenharia e tecnologia. Dificilmente uma empresa domina tudo e elas foram se especializando. Há quem faça apenas bisnagas, paletas ou refiláveis”, acrescenta Andréia.
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Fonte: Vogue