Sétima maior economia do mundo, o Brasil ainda caminha para galgar posições e se tornar um dos dez maiores mercados globais de seguros. O segmento, incluindo previdência privada, capitalização e saúde suplementar, deve encerrar o ano com R$ 313, 71 bilhões em arrecadação, atingindo 6,1% do PIB, segundo projeções da consultoria Siscorp, o que o mantém na 12ª posição no ranking mundial. Um estudo da Munich Re calcula que o país será o 8º maior mercado já em 2020.
É no potencial adormecido que repousam as expectativas do mercado de que é possível sustentar o crescimento de dois dígitos na próxima década. Apoiado no grande contingente de pessoas que migraram para a classe média na última década e passaram a consumir seguros depois da conquista do carro e da casa própria, o mercado cresceu intensamente e avançou de 1% para 5,9% do PIB em 15 anos. A base do mercado, assim, se transformou e, com ela, o desafio de sustentar o crescimento. “Manutenção desse avanço exigirá esforço das companhias em buscar oportunidades, como o seguro-viagem. E quando se trabalha com uma economia de crescimento menos acentuado, o desafio fica mais complexo”, diz o presidente da CNSeg e do Grupo Bradesco Seguros, Marco Antonio Rossi.
O potencial de crescimento é evidente. Estima-se que menos de 10% das residências possuam algum tipo de proteção. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), 50,93 milhões de brasileiros eram usuários de planos de saúde privados até junho, o que representa menos de um quarto da população.
Na previdência, são 12,8 milhões de poupadores, conforme dados de julho da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi). O seguro rural responde por menos de 10% da área plantada de grãos. “Ainda temos boas discussões pela frente com os reguladores, como a criação do seguro popular de automóvel, que podem impulsionar ainda mais o mercado”, diz Gabriel Portella, presidente da SulAmérica.
Entrar no top 10 dos mercados seguradores mundiais impõe desafios. De um lado, a meta é atingir o grande contingente de pessoas que nunca consumiu nenhuma proteção. De outro, manter na carteira uma população que encontrou no seguro o instrumento para a preservação do patrimônio.
Para Rossi, um dos desafios do segmento é aumentar o consumo per capita de seguros, fazendo com que o cliente atual adquira mais produtos do que compra hoje. Outro foco é a classe D e as pequenas e médias empresas.
Outro segmento com enorme potencial é o de automóveis. Estima-se que apenas cerca de 30% da frota nas ruas esteja protegida, e o principal fator que inibe a maior penetração ainda é o preço. Mas essa situação pode estar perto de mudar. Conforme o diretor-geral da Porto Seguro, Luiz Pomarole, o mercado aguarda com grande expectativa a entrada em vigor, em maio de 2015, da Lei 12.997, conhecida como lei dos desmanches, sancionada em maio. Ela disciplina a atividade de desmanche de peças de automóveis no Brasil, e as empresas desse setor passam a cumprir exigências formais.
Elas serão obrigadas, por exemplo, a registrar em um banco de dados do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) a procedência, as condições de uso e o destino final das peças desmontadas.
Fonte: Valor Econômico