No último ano, o mercado farmacêutico brasileiro vendeu em medicamentos R$ 215,6 bilhões — segundo o Estudo de Mercado Institucional da IQVIA, empresa global associada ao mercado de saúde. Ainda que o estudo tenha mostrado crescimento do varejo farmacêutico abaixo do esperado, este ainda esteve acima da inflação. E quando o setor varejista cresce, impulsiona o setor industrial.
De acordo com o diretor de Relacionamento com Parceiros Estratégicos da IQVIA, Alexandre Santos, a causa da mudança do mercado farmacêutico é a onda de lançamentos das indústrias do setor, que buscam tratamentos para oncologia, Alzheimer, depressão e doenças raras. Segundo o diretor, o mercado farmacêutico cresceu aproximadamente 10% em 2019, o que significa que foi o melhor dos últimos cinco anos.
Em 2014, o grupo Evaluate criou relatórios mostrando como estará o setor em 2020. Na época, estimava-se que os medicamentos biológicos seriam 52% entre os mais prescritos e que o mercado de farmacêuticos para prescrição de medicamentos teria um crescimento de 5,1% ao ano.
Conheça 5 tendências da indústria farmacêutica para 2020
As recentes aprovações de indicação dos medicamentos isentos de prescrição médica (MIPs), a prescrição farmacêutica, aplicação de vacinas, aferição de pressão, teste de glicemia em farmácias e acompanhamento do tratamento do paciente em busca de maior adesão aos medicamentos mostram que os farmacêuticos voltam a ser protagonistas no ambiente de saúde, incluindo em drogarias e farmácias.
Com isso, a indústria tem nesse profissional um aliado para a entrada de medicamentos nas drogarias que satisfaçam à demanda do local. O consultor Wagner Morente enfatiza a importância de olhar para o varejo farmacêutico quando afirma que, com poucos lançamentos de medicamentos pela indústria, o momento atual é de ficar no ponto de venda. Dentre as maiores tendências de serviços para o profissional farmacêutico nas próximas décadas, destacam-se os seguintes.
Aqui está um conceito-chave para a adesão aos serviços farmacêuticos: a adesão do paciente ao tratamento. Isso porque várias pesquisas mostram que 50% dos pacientes abandonam o tratamento depois de seis meses de seu início, incluindo deixar de usar os medicamentos. Assim, ao aumentar a adesão do paciente crônico, podemos melhorar sua saúde.
Para garantir que isso aconteça, a principal ação é gerenciar a medicação do paciente, unindo a dispensação dos medicamentos ao acompanhamento dos resultados da farmacoterapia.Muitas farmácias já estão trabalhando nesse sentido, resultando em forte tendência na atuação farmacêutica para 2020 e os próximos anos.
As vendas consultivas — ou prescrição farmacêutica — para medicamentos isentos de receita médica estão se consolidando no Brasil. A atuação desse profissional na indicação de tratamentos é cultural e histórica, mas, atualmente, isso está sendo feito de maneira muito mais adequada: dentro de um consultório e por escrito. Comprar o medicamento dessa forma é mais seguro para o paciente.
Estudos mostram que, a cada dez indicações feitas por um farmacêutico, nove se transformam na aquisição do produto pelo paciente. Aqui, cabe ressaltar que, quando a dispensação é feita por um farmacêutico e não por um balconista, a famosa “empurroterapia” (indicação sem conhecimentos técnicos sobre medicamentos e fisiologia) deixa de existir em drogarias sérias.
Diversas farmácias já prestam serviço de vacinação. Dessa forma, você pode imaginar que essa não é uma tendência da indústria farmacêutica para 2020. No entanto, este será apenas o terceiro ano desde a liberação feita pela Anvisa com relação à vacinação em farmácias.
A experiência obtida nesse período permitiu às vigilâncias sanitárias tempo para aprender mais sobre o assunto e observar a eficiência do serviço prestado. O mesmo ritmo de crescimento também será a oferta de cursos de capacitação para farmacêuticos vacinadores, estimulando ainda mais o crescimento desses serviços.
Talvez essa seja a maior tendência para a farmácia em 2020 e afetará positivamente as indústrias de testes laboratoriais — sobretudo de glicemia. Isso porque os testes de laboratório remotos (TLR) agregam muito valor à farmácia e ao papel do farmacêutico. Os resultados das drogarias que já implantaram esse serviço impressionam tanto na qualidade dos resultados quanto do ponto de vista financeiro.
Por vídeo ou por chat, o atendimento médico remoto já é uma realidade que tende a crescer e a se consolidar segundo especialistas — ainda que o Conselho Federal de Medicina (CFM) tenha voltado atrás no assunto.
Com isso, o farmacêutico clínico se torna um dos profissionais aptos a solicitar e a acompanhar uma consulta médica remota para o paciente junto ao ambiente em que atua — farmácia, hospital ou clínica de saúde. A legalização da prática se dá pela Resolução CFM 1643/2002.
Em franco crescimento no Brasil, a indústria farmacêutica vem investindo em negócios que aumentam sua participação no mercado. As operações de fusões e aquisições de indústrias farmacêuticas se mostram como outra das tendências dessa indústria para 2020.
São exemplos as fusões realizadas até agora, que movimentam mais de 300 bilhões de dólares no setor, de acordo com a “Firepower Index and Growth Gap Report 2016”. Entre os benefícios dessas operações, estão a busca por novas técnicas para o mercado de medicamentos e o incentivo à pesquisa.
As novas tecnologias possibilitam às indústrias farmacêuticas o investimento cada vez maior na personalização dos medicamentos, o que é conhecido como farmacogenômica. Um exemplo seria a produção de produtos para um perfil específico de pacientes com alterações genéticas semelhantes.
O desenvolvimento e a produção de partículas na escala do nanômetro — nanopartículas — propiciou ao segmento farmacêutico a criação de medicamentos com maior capacidade de alcançar seu local de ação, como as camadas mais profundas da pele.
Esse é o caso das partículas fotoprotetoras, que previnem o câncer de pele. As nanopartículas já são utilizadas no segmento farmacêutico com fins terapêuticos e profiláticos. Essa é uma das tendências da indústria farmacêutica para 2020 que veio para ficar.
Fonte: revistaanalytica