Uma enzima identificada em leveduras da espécie Saccharomyces cerevisiae – também conhecida como levedura do pão – apresentou em testes in vitro potencial para matar seletivamente células de leucemia linfoide aguda (LLA).
Caracterizada por alterações malignas nas células-tronco que dão origem aos componentes do sangue, existentes na medula óssea, a LLA é o tipo de câncer mais comum durante a infância.
Resultados da pesquisa, realizada com apoio da FAPESP, foram descritos por pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) e do Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista, campus do Litoral Paulista (IB-CLP-Unesp), em artigo publicado na revista Scientific Reports.
“Nós caracterizamos neste trabalho a enzima L-asparaginase de S. cerevisiae. Os resultados indicam que essa proteína é capaz de aniquilar eficientemente células leucêmicas, com baixa citotoxicidade sobre células sadias”, disse Gisele Monteiro, professora da FCF-USP e coordenadora do estudo publicado.
Como explicou a pesquisadora, em determinadas neoplasias, entre elas a LLA, as células tumorais apresentam deficiência na produção de uma enzima chamada asparagina sintetase. Como resultado, não são capazes de sintetizar um aminoácido chamado asparagina.
“Esse tipo de célula depende de fontes extracelulares de asparagina, aminoácido fundamental para a síntese de proteínas e, consequentemente, de DNA e RNA. É, portanto, essencial para a divisão celular. Mas a enzima asparaginase depleta esse aminoácido do meio extracelular, convertendo-o em aspartato e amônia. Em pacientes com LLA isso resulta em uma queda acentuada nos níveis séricos de asparagina, o que compromete a síntese de proteínas nas células malignas e induz apoptose [uma espécie de suicídio celular]”, explicou Monteiro.
De acordo com a pesquisadora, desde a década de 1970 tem sido usada no tratamento de LLA uma enzima muito semelhante à L-asparaginase descrita no estudo, porém extraída da bactéria Escherichia coli. Em conjunto com outros medicamentos, a terapia com a enzima bacteriana pode alcançar uma taxa de remissão de até 80%. No entanto, cerca de 25% dos pacientes apresentam reações imunológicas ao tratamento, que vão de leves alergias até choque anafilático, ficando impossibilitados de usar o biofármaco.
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Fonte: Pfarma