Taxa de utilização da indústria química é uma das mais baixas da história

O nível de utilização da capacidade instalada da indústria química foi de 63% nos primeiros seis meses deste ano, três pontos percentuais abaixo da média registrada no mesmo período do ano passado e um dos resultados mais baixos da história.

O destaque negativo ficou por conta do grupo “intermediários para fertilizantes”, cujo nível de utilização recuou de 67% para 58% nos seis primeiros meses de 2024, sobretudo pela suspensão das operações nas fábricas de fertilizantes nitrogenados (fafens) da Unigel.

A companhia arrendou as fafens da Petrobras, mas interrompeu a produção após a queda acentuada dos preços da ureia no mercado internacional, sem a contrapartida da matéria-prima, o gás natural.

Há pelo menos uma década, o principal pleito da indústria química é o acesso a matérias-primas com preços mais competitivos. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), a indústria nacional paga US$ 12,4 por milhão de BTUs (MMBTU) no gás natural, enquanto nos Estados Unidos, o produto é vendido por US$ 1,5/MMBTU, e na Europa, por US$ 8,6/MMBTU. Na fronteira da Bolívia com o Brasil, o gás é comercializado por U$ 6,2/MMBTU.

De acordo com os dados do último Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC) relativos ao primeiro semestre de 2024, feito pela Abiquim, a produção de químicos de uso industrial caiu 1,14% e o volume de exportações recuou 27,5%, em relação ao mesmo período de 2023.

Já os demais indicadores de volume apresentaram crescimento no acumulado entre janeiro e junho deste ano. As vendas internas subiram 4,39% e o consumo aparente (CAN) cresceu 0,4%. Segundo a associação, neste mesmo período, elas apresentaram alta de 4,5%, respondendo por 45% da demanda local.

Importações
O resultado é atribuído à dificuldade para competir no mercado local e a problemas no mercado externo. No acumulado do primeiro semestre de 2024, em relação ao mesmo período de 2023, o volume importado da amostra de produtos do RAC, excluindo os intermediários para fertilizantes, cresceu 21%, com recuo de preços dessa amostra da ordem de 9%.

As maiores altas de importações ocorreram nos grupos de resinas termoplásticas (+48,2% em volume e -8,6% em preço), intermediários para resinas termofixas (+42,4% em volume e -16% em preço), solventes industriais (+39,9% volume e -6,9% preço) e resinas termofixas (+31% em volume e -16,1% em preço).

Déficit químico
Além da elevada participação das importações sobre a demanda nacional, a associação também destaca a manutenção do elevado déficit na balança comercial, que somou US$ 44,35 bilhões no acumulado dos últimos 12 meses, até junho.

No período, os principais indicadores da Abiquim, em termos de volume, mantiveram o desempenho negativo em relação aos 12 meses anteriores. A produção interna caiu 5,89%, as vendas internas recuaram 1,83% e as exportações declinaram 23,3%. Por outro lado, a demanda doméstica cresceu 1%, puxada pela forte alta das importações (+9,5%).

Preços
Os preços praticados no mercado doméstico, medidos pelo IGP Abiquim-Fipe, subiram levemente em junho (+0,09%), na comparação com o mês anterior, acumulando alta nominal de 4,94% entre janeiro e junho de 2024.

Em termos reais, o IGP Abiquim-Fipe, deflacionado pelo IPA-Indústria de Transformação, teve crescimento de 4,8% entre janeiro e junho deste ano. Em igual período, deflacionando-se o IGP pela variação do real em relação ao dólar, os preços médios registraram queda de 8,6% e, em relação ao euro, o recuo foi de 5,7%.

Fonte: Valor Econômico

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