O Brasil importou US$ 37,2 bilhões em produtos químicos em 2017, valor pago pela aquisição de mais de 43,1 milhões de toneladas entre as diversas mercadorias acompanhadas pela Associação Brasileira da Indústria Química – Abiquim no âmbito da balança comercial setorial. O déficit na balança comercial de produtos químicos totalizou US$ 23,4 bilhões em 2017, fato que reverteu a série de três anos consecutivos de reduções pela qual o indicador passava (em 2014, de US$ 31,2 bilhões; em 2015, de US$ 25,4 bilhões; e em 2016, de US$ 22,0 bilhões).
Na comparação com os resultados de 2016, houve um aumento de 8,8% no valor monetário das importações, já as quantidades físicas adquiridas foram 14,9% superiores. Os principais fatores que levaram a esse aumento do déficit em produtos químicos se destacam: a retomada da atividade econômica nacional, a safra de grãos recorde e a ausência de investimentos produtivos, que pudessem suprir essa nova demanda com o incremento da produção nacional.
Em termos históricos, as quantidades importadas em 2017 são as maiores de todos os tempos. Quando comparadas com as 37,5 milhões de toneladas de 2013, ano em que foi registrado o maior déficit no histórico da balança comercial de produtos químicos, de US$ 32,0 bilhões, observa-se um aumento de 15%, gerado pelo crescimento na importação de produtos químicos para o agronegócio, que poderiam ser fabricados no País. Entre os grupos acompanhados, os intermediários para fertilizantes foram o principal item da pauta de importação do setor com compras de mais de US$ 6,4 bilhões, em 2017, equivalentes a 60,7% (26,2 milhões de toneladas) das 43,1 milhões de toneladas em compras externas de produtos químicos.
As exportações brasileiras de produtos químicos, por sua vez, de US$ 13,7 bilhões, em 2017, aumentaram 13,0% na comparação com o ano anterior, com movimentação de 16,5 milhões de toneladas para os mais diversos mercados de destino. As resinas termoplásticas, com vendas externas de US$ 2,3 bilhões, foram os produtos químicos mais exportados, não obstante redução de 2,6% nas quantidades exportadas desses produtos na comparação com 2016.
Avaliando-se as trocas comerciais com os principais blocos econômicos regionais, em 2017, o Brasil foi superavitário apenas em relação aos países vizinhos e históricos parceiros comerciais, do Mercosul e da Associação Latino Americana de Integração – Aladi, respectivamente saldos comerciais de US$ 911 milhões e de US$ 829 milhões. Entretanto, foram novamente registrados resultados estruturais negativos expressivos em relação à União Europeia e ao Nafta (América do Norte), que somados ultrapassaram um déficit agregado de US$ 13,7 bilhões, além de um crescente desbalanceamento de 6,5% ao ano com a Ásia (déficit se amplia de US$ 4,3 bilhões em 2010 para US$ 6,7 bilhões em 2017).
Para o presidente-executivo da Abiquim, Fernando Figueiredo, apesar da importância do agronegócio e da extração mineral para garantir divisas aos compromissos financeiros externos nacionais, o Brasil não pode planejar o futuro da nação com base na exportação de commodities primárias, fortemente sujeitas a variações substanciais de preços no mercado internacional. “É imperativo gerar empregos e renda com agregação de valor às riquezas naturais brasileiras em território nacional. Não se pode conceber como excelentes projetos de investimento de fertilizantes e de intermediários químicos como metanol, entre outros que usam o gás natural como matéria-prima, por exemplo, se efetivem em diversos países que não dispõem de reversas comparáveis às brasileiras, mas que possuem políticas públicas asseguradoras dessa produção local. Exportar bens primários para importar transformados de alto valor agregado não é uma estratégia condizente aos desafios e às oportunidades que se observam para os próximos anos e muito menos ao próprio tamanho do Brasil no mundo”, destaca Figueiredo.
Fonte: Abiquim