O desenvolvimento de qualquer vacina, de qualquer remédio, é um trabalho científico que exige tempo, investimento e a colaboração de muita gente. Sem isso, a medicina não avança e a cura e a prevenção de muitas doenças ficam prejudicadas.
A partir desta segunda-feira (18), a repórter Sandra Passarinho vai mostrar, numa série de reportagens especiais, como o Brasil precisa estimular uma etapa fundamental nesse trabalho todo: a fase de testes em seres humanos.
Todo medicamento na prateleira de uma farmácia, precisa antes ser testado em seres humanos. Qualquer substância que tenha chance de virar um novo medicamento percorre um longo caminho antes de entrar no corpo humano.
Primeiro, os pesquisadores avaliam em laboratório. Em seguida, com animais. Depois vêm os testes clínicos, que são feitos em seres humanos, em etapas.
Na fase 1, a nova substância é testada em pequenos grupos de voluntários, a maioria saudáveis, para avaliar como o medicamento age no organismo. Na fase 2, o teste é feito em um grupo, de 100 a 300 pessoas, que têm a doença estudada. A fase 3 pode envolver até milhares de voluntários.
Mas o trabalho dos cientistas não termina aí. Na fase 4, depois de o medicamento ser aprovado pelas autoridades sanitárias, alguns testes ainda são feitos para detectar possíveis efeitos colaterais na população a longo prazo, o que pode levar muito tempo. E o que faz uma pessoa se doar para o bem de todos?
“Na minha família mesmo quando eu contei: ‘Ah sou voluntária no teste de vacina contra a dengue’. ‘Nossa você está louca?’. Ouvi muito isso”, conta a estudante Anielly Rocha.
“O pessoal acha muito que somos loucos por causa disso. Está tomando o vírus da dengue, vai morrer. E não é bem assim”, diz o marceneiro Marco Paneto.
Aniellly e Marco são saudáveis e participam do teste de uma vacina contra a dengue criada nos Estados Unidos, se for aprovada será desenvolvida no Brasil. É um projeto entre a USP e o Instituto Butantan, e financiado pelo BNDES.
A vacina é produzida com o próprio vírus da dengue, mas que foi muito enfraquecido, e pretende proteger contra os quatro diferentes tipos da doença.
“Ela induz o organismo dos vacinados a criar uma defesa conta o vírus da dengue. E aí a pessoa nunca teria mais dengue, se tudo der certo”, afirma doutor Esper Kallas, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Se tudo der certo, a vacina pode chegar ao mercado em 2018. Uma esperança de deixar no passado o sofrimento da epidemia que o Brasil ainda vive.
Na faculdade de medicina do ABC, em Santo André, as drogas em estudo podem fazer a diferença para quem não tinha mais nada a perder. Luiz tem câncer e encarou a pesquisa como uma opção melhor de tratamento.
“O dia que eu vim aqui na primeira vez eu sentei ali na cadeira tremendo, sem saber, na hora ainda estava naquela: faço ou não faço, faço ou não faço”, lembra Luiz Vanderlei de Souza.
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Fonte: Jornal Nacional