No dia 20 de janeiro, o Brasil comemora o Dia do Farmacêutico. E, seguindo uma tendência verificada nos últimos cinco anos, mais brasileiros deverão se lembrar de cumprimentar esse profissional. A razão é bem simples. Os farmacêuticos estão mais próximos dos usuários de medicamentos, das pessoas.
A profissão vive um processo de profunda transformação, em que resgata a relação entre farmacêutico e paciente. Esse elo foi perdido justamente com a expansão da indústria farmacêutica, a partir da década de 1930, mesma da regulamentação da profissão.
Essenciais para ampliar e facilitar o acesso ao medicamento, a mecanização da indústria farmacêutica, o desenvolvimento das formulações padronizadas e a produção em larga escala, ao mesmo tempo, levou à quase obsolescência dos laboratórios magistrais das farmácias. Esse processo afastou o profissional de seus pacientes, nos estabelecimentos que se constituíam e ainda se constituem no principal ramo de atividade do farmacêutico, a farmácia comunitária. Neste, estão empregados 60% dos profissionais registrados.
Quem tem um olhar mais atento, já observa essa “involução” do modelo de atendimento. Isso já ocorre em boa parte das farmácias, que, em 2014, com a publicação da Lei nº 13.021/14 ganharam o status de estabelecimentos de saúde. Apoiados na lei, na expertise do farmacêutico, bem como no respaldo regulamentar que esse profissional tem das resoluções de nº 585/13 e nº 586/13, do Conselho Federal de Farmácia, os estabelecimentos estão investindo no cuidado ao cliente/paciente como diferencial no atendimento.
O presidente do Conselho Regional de Farmácia do Paraná, Arnaldo Zubioli, defende que “o farmacêutico exerce papel fundamental ao interagir com o usuário de medicamentos e assegurar o seu uso correto, além de acompanhar os resultados pretendidos com a terapêutica farmacológica”.
A transformação da profissão e a importância do cuidado farmacêutico estão sendo destacadas na campanha do CFF em conjunto com os Conselhos Regionais de Farmácia pelo Dia 20 de Janeiro. Lançada no início do mês, a campanha está sendo divulgada em TV, jornal, rádios, outdoors, busdoors, revistas de bordo, jornal e nas mídias sociais. Com o slogan “Faz bem contar com um farmacêutico”, destaca também as diferentes áreas de atuação farmacêutica. “A proposta é mostrar que faz bem contar com o farmacêutico, em qualquer área em que ele atue. E são muitas: a Farmácia tem dez linhas diferentes de atuação e 134 especialidades”, comenta o presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter da Silva Jorge João.
O presidente do CFF lembra que o Brasil é o sexto maior mercado do mundo em vendas de medicamentos conforme dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). “O que precisamos é melhorar nosso desempenho na área da pesquisa, uma vez que ocupamos a 47ª posição em inovação, também segundo a Interfarma.” Walter Jorge João destaca que, não por acaso, a Farmácia é uma das profissões campeãs em empregabilidade. Segundo Pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2013 a Farmácia está entre as 10 profissões com maior taxa de trabalhadores ocupados (94,30%).
De acordo com estatísticas dos conselhos de Farmácia, existem cerca de 200 mil farmacêuticos no Brasil, sendo 195.022 registrados (dados de 2015). O país congrega o maior número de cursos de graduação na área do planeta, num total de 529. “Por ano, são graduados em torno de 18 mil novos farmacêuticos no país. Não faltam profissionais, embora seja necessária uma melhor distribuição dessa força de trabalho entre os estados, para o que temos buscado a instituição de mecanismos de incentivo e regulação por parte dos órgãos do governo”, comenta o presidente do CFF.
Em relação à remuneração, a pesquisa “O Perfil do Farmacêutico no Brasil”, publicada pelo CFF no mês de março aponta que a faixa salarial de R$ 2.001 a R$ 3.000 predomina em todas as regiões. As regiões Norte e Centro-Oeste apresentam os maiores porcentuais de profissionais com rendimentos na faixa acima de R$ 5.001. Nestas regiões, o porcentual de farmacêuticos com remuneração mensal superior a R$ 5 mil representa quase o dobro do verificado nas regiões Sul e Sudeste. Segundo a mesma pesquisa, os farmacêuticos em atuação no Brasil são jovens, atuam em sua grande maioria em farmácias comunitárias e em 30% dos estabelecimentos contam com espaço para atendimento clínico ao paciente.