Pesquisa do IBGE divulgada neste mês, relacionada ao desempenho da produção industrial em 2021, apontou expansão de 3,9%, interrompendo dois anos consecutivos de queda: 2019 (-1,1%) e 2020 (-4,5%). Entre os setores que contribuíram para o resultado está o de material plástico (4,3%).
Há pelo menos 20 anos o Brasil vem produzindo e utilizando bioplástico como um substituto de produtos de origem fóssil. Passadas duas décadas, uma das principais associações do setor, a Associação Brasileira de Biopolímeros Compostáveis e Compostagem (Abicom), avalia que o ambiente está propício para o país ter uma taxa de crescimento acima da global. A estimativa mundial é que a indústria de bioplásticos mais do que triplique sua capacidade de produção nos próximos cinco anos. O dado é da European Bioplastic, e foi divulgado no relatório mais recente, de dezembro de 2021.
Para Karina Daruich, diretora-executiva da Abicom, a produção agrícola nacional é o que torna o cenário brasileiro mais fértil para essa indústria, que utiliza materiais agrícolas como matéria-prima mais abundante e de baixo custo por aqui.
“No Brasil, acreditamos que o percentual de crescimento pode ser até maior que a expectativa global, considerando investimentos já anunciados. O país deve se tornar uma plataforma mundial para os biopolímeros”, explicou.
Entre os diferentes tipos desses biopolímeros, um dos principais é o produzido com fonte renovável, porém que não são compostáveis, ou seja, demoram o mesmo tempo de um plástico comum para se decompor no meio ambiente.
Outros dois tipos, que estão sob o guarda-chuva da Abicom, são os biopolímeros compostáveis. Esses podem ser de fonte renovável, ou de fonte fóssil, mas ambos se decompõem rapidamente quando descartados no local apropriado. Apesar dessas opções sustentáveis estarem no mercado há décadas, Daruich lembra que a migração do plástico comum para o bioplástico ocorreu a passos lentos. Um dos pontos que freou esse crescimento foi a falta de locais para destinar a compostagem.
“O cenário melhorou após a implementação da logística reversa e de uma política nacional para resíduos sólidos para destinar corretamente as embalagens após o uso”, explicou a diretora.
Em 2014, a Abicom incluiu entre seus associados a indústria de compostagem.
“Foi necessário criar essa indústria da compostagem, que vem crescendo muito, para dar destino aos plásticos. Não faz sentido fazer um produto biodegradável para ir parar em um aterro. Lá não tem as condições controladas, como na compostagem”, explicou.
Para a associação, é preciso fechar o ciclo, principalmente no caso dos polímeros produzidos a partir de matéria-prima agrícola.
“A maioria dos bioplásticos de fonte renovável vem de amido como milho, batata, beterraba. Tem também cana-de-açúcar e até de açaí. E depois de decomposto ele pode adubar uma plantação de milho, por exemplo”, afirmou a executiva.
Para a diretora da Abicom, o principal impulsionador do setor será a demanda do público. “Nos últimos dois anos, com avanço da procura do consumidor por produtos sustentáveis, saímos da economia linear, que é de extrair o recurso, produzir, usar e jogar fora. E estamos indo para uma economia circular, onde desde o design do produto já se pensa em todo o ciclo de vida da embalagem, se vai ser reutilizável ou reciclada ao final”, explicou Daruich.
Fonte: Monitor Mercantil